quinta-feira, 22 de julho de 2010

"Meia noite, e a única coisa que possuo são olhos cansados.
Coração já não tenho mais,
Corpo, de tão mecânico, não é mais meu.
Pensamentos, medrosos, fugiram sem dizer adeus.

Fiz coisas erradas, eu sei. Não fiz por amor.
Não me perdoe.

Estou certa dos meus atos."



Sem Destinatário,

Como vai?

Hoje eu fugi, fugi para bem perto. Muito, muito perto onde ninguém pudesse me alcançar. Fugi para mim, estou em mim. Ninguém sabe, ninguém vê. Me escondi em mim, e você entende. Claro que você entende.
Todos os dias você está fugindo também, só que você está fugindo de você mesmo.
Não se faça de bobo, estou falando de você, mas esta carta não tem destinatário.
Na minha fuga eu vou longe, mas tão longe, que qualquer um pode achar. Você sabe como é ser previsível. Que foi? Fechou a cara e notou que todos perceberam, poucos tocaram no assunto.
"O que você tem?", "Nada". Claro que tem. Você fugiu pra longe, mas todos podem ver.
Então resolvi voltar pra perto, tentei ser discreta. O segredo era meu mesmo. Está guardando um segredo? AAhhh... não temos segredos um com o outro. Não quer me contar? Que é isso... não confia mais em mim? Tudo bem, não pergunto mais nada. Não, eu não quero mais saber. Pare! Não me conte. Nossa, verdade? Claro, eu juro que não conto pra ninguém.
Melhor o meio termo, o que você acha? Desculpe, você não fala. Eu tinha esquecido. Mas como será que perdeu a voz? Eu sei? Como assim eu sei? AAhhh... foi quando contou a verdade? Me disseram que quando se conta a verdade, se perde a voz. Eles querem nos calar mesmo. Então foi assim? Desculpe, eu não lembrava. Mas vou esquecer, porque dizem que quando se lembra, perde-se a vida.

Adeus amigo,